Leonardo Lichote
Confira abaixo o vídeo com as indicadas ao prêmio de melhor atriz:
(Créditos: Jornal O Globo)
- Temos uma visão do teatro diferente de gerações anteriores, das atrizes-divas, que esperavam grandes papéis. Nossa realidade não é essa, somos operárias - define Drica. - Não tem essa de brilhar o tempo todo.
Cristina conta uma história que viveu com sua companhia que ilustra bem essa relação com o teatro despida de glamour:
- Trabalhamos muito em espaços não convencionais, o que significa que eventualmente usamos banheiros não convencionais. Uma vez, estávamos num buraco, onde encenávamos uma peça, e me deu muita vontade de fazer xixi. Fui ficando desesperada, até que falei para o diretor: "Ivan (Sugahara), me consegue uma latinha, por favor". Ele: "Ah, Cristina, você está ficando estrela". Foi o mais próximo que cheguei do termo.
Líderes e comandadas
Os risos das colegas denunciam que, sim, elas se identificam com a situação. E o fato de todas serem atrizes de companhias é uma chave para entender essa identificação. Cristina é dos Dezequilibrados ("Memória afetiva de um amor esquecido"); Gláucia ("O santo e a porca"), da Limite 151; Susanna ("Casa de Laura"), da Atores de Laura; Patrícia ("Inveja dos anjos"), da Armazém; Drica ("A ordem do mundo"), da Cia. dos Atores - apesar de ter sido indicada por um projeto fora do grupo.
- A companhia dá autonomia. Você aprende a fazer, mete a mão em tudo - explica Cristina.
Drica aponta outro aspecto:
- O jogo da companhia é saber ser líder e ser comandado.
Para Patrícia, o pertencimento a uma companhia foi fundamental para que elas se desenvolvessem como atrizes.
- Esse tipo de envolvimento com o teatro acaba se refletindo no palco. Não é uma coincidência que nós cinco sejamos atrizes de companhias. São trabalhos consistentes.
A trajetória de atrizes-operárias dá consistência, autonomia... A popularidade, porém, é relativa. Drica é a única delas que, por seus papéis na TV, tem um rosto mais conhecido. Elas brincam com a relação com a fama quando Patrícia fala do prazer de ser parada no mercado por alguém que viu uma peça sua.
- A gente tem vontade de dizer: "Anota meu telefone, queria te convidar para meu aniversário" - diz Drica.
Susanna, que foi indicada por sua atuação em "Casa de Laura", conta da satisfação de poder se apresentar para pessoas que normalmente não vão ao teatro. A peça, que conta a história de Laura Alvim, é encenada nos cômodos da Casa de Cultura que pertenceu à sua personagem:
- Pude fazer o espetáculo para todos os funcionários da casa. É muito legal ver a faxineira dizer: "Tô indo limpar a sua casa".
Público pouco curioso
Entra em pauta na conversa a falta de curiosidade do público carioca. Se Patrícia vê melhora desde a instalação do Armazém no Rio, há 11 anos ("Nosso público aumenta a cada ano") e Cristina aponta que há espaços onde as plateias são curiosas ("O Oi Futuro, mesmo o CCBB"), Drica, Susanna e Gláucia observam que há pouco espaço para o que não seja musical ou comédia ligeira.
- Tudo interfere. Pelo preço do teatro hoje, você só vai a uma peça de seis em seis meses. E quer ir no certo: "Vou rir" - analisa Gláucia. - Eu só faço comédia, se não, eu me atolo em dívida. Fiz "A moratória", que é espetacular, em 2001. Foram dois meses e mais nada. Não tinha gente. Meus filhos mesmo falavam: "Ah, mãe, que baixo-astral".
Fonte: Jornal O Globo
Um comentário:
Estou de dedos cruzados para que a temporada do monólogo da Drica (A ordem do Mundo) possa passar por Goiânia! Por favoooor meu Deuzinho, faça com que aconteça! hehe
Abraços. A Drica é maravilhosa.
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