A série Decamerão estreia sexta-feira, embalada por amor e riso
Foram 26 dias em meio às parreiras da Serra Gaúcha, em um cenário que lembra a imigração italiana do século 19, que a equipe de Decamerão - A Comédia do Sexo gravou os quatro episódios da série, que estreia sexta-feira.
O diretor Jorge Furtado e o elenco tiveram que driblar a distância e o frio cortante. O vinho e as comidinhas típicas da região funcionaram como aliados.
– Ficamos especialistas em capelletti. Fizemos um dia, o pessoal gostou, e todo dia tinha que ter. Gravei uma cena com o Edmilson Barros em que mergulhamos num rio. Um frio danado e a gente não podia tremer. Fomos aplaudidos quando saímos da água – conta Lázaro Ramos, o falso padre Masetto.
Inspirado na obra Decameron, de Giovanni Boccaccio, o texto apresenta sete personagens da Commedia dell’Arte. O patrão Tofano (Matheus Nachtergaele), sua mulher Monna (Deborah Secco), o padre Masetto, os criados Tessa (Drica Moraes) e Calandrino (Edmilson Barros), e o casal Filipinho (Daniel de Oliveira) e Isabel (Leandra Leal) se entrelaçam em histórias que têm como elementos principais o amor e o riso.
Uma das novidades é o roteiro escrito em versos.– A tradição do verso popular no Brasil é muito rica. A poesia, o cordel, os repentistas e o hip hop seguem essa linha. Os diálogos construídos em versos estabelecem esta fronteira com o realismo. Estamos tão saturados da realidade que é fundamental dar às pessoas uma viagem ao mundo da imaginação – conta Jorge Furtado.
Trama atemporal
Para palco dos episódios, foram escolhidas duas locações nos arredores das cidades de Farroupilha e Garibaldi, no Rio Grande do Sul. A casa de Tofano e de seus criados fica na Vila Jansen, que reúne edificações de 1800.
Em Garibaldi, as gravações aconteceram em um sítio de descendentes de colonos italianos.– Embora todo o ambiente remeta a este período, o programa não tem compromisso temporal. É o tempo e o lugar da fábula, há muitos anos atrás, num lugar distante – explica Jorge Furtado.
Protagonista do triângulo amoroso, Deborah Secco destaca a discussão sobre o amor como a essência da história:– A Monna não é realista, tem um pouco de romantismo e sensualidade. Todos os contos relatam o amor.
No último episódio, o personagem do Lázaro faz um discurso sobre ciúme.
Como amante de Monna, Lázaro deu um toque engraçado ao seu Masetto:– Ele é o andarilho, chega para atiçar os conflitos, se passa por padre para poder ser amante. E o cara é um sortudo! As pessoas não desconfiam de nada e ele ainda consegue fazer uns milagres que só reforçam a identidade que ele criou.
Os criados Tessa e Calandrino são a outra ponta cômica da história. Drica Moraes foi buscar na chanchada inspiração para sua personagem:– Tessa é a famosa criada das peças de Shakespeare, que arma as situações, é esperta, inteligente e sedutora. Ganha pouco e se diverte muito. Evocamos elementos de grandes comediantes.
Para Drica, a distância foi um obstáculo a mais:– Foi meu primeiro trabalho depois da adoção do meu filho, Matheus, de quatro meses. O chimarrão e o carinho dos amigos seguraram a barra.
Por: CARLA PEIXOTO
Agência O GloboFonte: Jornal de Santa Catarina
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